De forma geral a adesão ao trabalho remoto vem crescendo no mundo todo desde o início dos anos 2000. É o que revela o relatório “Trabalhar a qualquer hora, em qualquer lugar: Efeitos sobre o mundo do trabalho” divulgado na última semana pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pelo Eurofound.
Na França, por exemplo, o percentual de adeptos do trabalho à distância subiu de 7%, em 2007, para 12,4% em 2012. Enquanto que na Suécia o índice de empresas que permitem o home office pulou de 36%, em 2003, para 51%, em 2014.
“Esta alta está possivelmente relacionada a fatores como crescimento da capacidade de dispositivos de comunicação, aumento de atividades baseadas em conhecimento, assim como redução de alguns fatores restritivos, como resistência de gestores”, destacam os autores da pesquisa.
O estudo traz uma pesquisa efetuada em 15 países: Brasil, Alemanha, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Hungria, Itália, Holanda, Suécia, Reino Unido, Argentina, Estados Unidos, Índia e Japão.
Crescimento é desigual no mundo
Considerada tendência no mundo digital, a implementação do trabalho à distância ainda varia consideravelmente, indo de 2% a 40% dependendo do país. A variação, destacam os autores da pesquisa, é decorrente das diferentes definições de trabalho remoto adotadas pelo mundo.
Japão e EUA, por exemplo, lideram o ranking, mas somente quando considerado o trabalho ocasional, como o uso de smartphones e tablets em trânsito (e não apenas em casa). Quando considerados o trabalho mais frequente, de ao menos oito horas por dia, o percentual fica em 16%, no Japão, e 20%, nos EUA.
Embora não haja dados concretos sobre o Brasil, os autores destacam que a tendência ainda é restrita no país, assim como ocorre em outro emergente: a Índia. “No Brasil e na Índia, o interesse público em trabalho a distância tem crescido mais lentamente do que em outros países discutidos. Debates nacionais sobre os méritos e limitações do formato têm sido encorajados relativamente há pouco tempo no Brasil. Um fator central para esse debate é a preocupação crescente sobre a poluição do ar e congestionamento em áreas urbanas como São Paulo”, destaca o relatório.
Prós e contras do formato
De acordo com o relatório, entre as vantagens que o teletrabalho oferece estão: maior flexibilidade na hora de organizar o trabalho, maior autonomia e produtividade, menos tempo perdido para chegar ao trabalho e um melhor equilíbrio entre a vida privada e a profissional.
No outro lado da balança estão as interferências entre o trabalho e a vida privada, a tendência a trabalhar mais horas, o isolamento e uma intensificação do trabalho.
“O uso das tecnologias modernas da comunicação contribui para conciliar melhor a vida profissional e pessoal mas, ao mesmo tempo, confunde os limites entre trabalho e vida privada”, advertiu o coautor do relatório, Jon Messenger, da OIT.
Por isso, o relatório defende como solução um limite de dois a três dias por semana para o trabalho à distância e o “direito ao desligamento”, ou seja, o direito de ficar ‘offline’, sem atender telefonemas e responder e-mails profissionais fora do horário de trabalho.
* Esse post faz parte da parceira entre a HOM e o Adoro Home Office.