A revolução do trabalho remoto está remodelando economia e demografia. A pandemia desencadeou uma mudança para o trabalho remoto e híbrido que está remodelando silenciosamente a economia e a demografia de muitos lugares. Enquanto as empresas de estatísticas ainda estão buscando formas de medir essa transformação, pesquisadores e especialistas já trazem alguns dados dessas mudanças.
Um dado importante é que o trabalho remoto já diminuiu significativamente desde o auge das paralisações da pandemia em 2020, quando quase dois terços do trabalho foram feitos remotamente. Esse número é oficialmente baseado em dados dos Estados Unidos, mas também reflete muito do que acontece no Brasil.
Porém, depois desse pico, estima-se que cerca de um terço do trabalho tem sido feito remotamente nos Estados Unidos. Infelizmente, no Brasil esse número ainda é menor que isso. Mas em compensação, claro, tivemos o crescimento do trabalho híbrido.
Em particular, a onda de trabalho remoto atingiu as chamadas indústrias do conhecimento, como finanças e informações, uma categoria que inclui tudo, desde jornalistas a desenvolvedores. Nessa área, 3 de cada 5 dias de trabalho agora são feitos em casa.
Dentro de cada setor, é provável que certas classes de trabalhos sejam feitas remotamente. Por exemplo, os gerentes da maioria dos setores trabalham em casa com mais frequência do que as pessoas que se reportam a eles.
As taxas mais altas de trabalho remoto aparecem entre tecnologia, comunicações, serviços profissionais e trabalhadores de finanças e seguros, de acordo com dados de mais de 200 mil empresas que usam o provedor de folha de pagamento e benefícios Gusto. Esses dados também mostram o crescimento do trabalho remoto, em geral.
Os dados sugerem que a verdadeira revolução remota está ocorrendo não em gigantes da tecnologia, mas em empresas como a Inside Out Co., uma empresa de construção, telhados e pintura de Illinois que descobriu que oferece uma vantagem competitiva.
A Inside Out nunca havia considerado um modelo híbrido ou remoto para os mais de 40 funcionários de escritório. Mas quando a pandemia chegou, a empresa se adaptou, descartando fluxos de trabalho complicados que exigiam que a equipe passasse arquivos pelo escritório e adotando um provedor de nuvem simplificado. A gerência aprendeu a trabalhar com horários de funcionários e necessidades de cuidados infantis, e não perdeu um único trabalhador para a Grande Demissão.
Nos Estados Unidos já se vê um movimento bem robusto de famílias se mudando de grandes centros para cidades menores, mais tranquilas e bem localizadas. Em menor volume, isso também acontece no Brasil. Muitos profissionais saíram de São Paulo para explorar a vida em outras capitais menores ou até mesmo no interior, aproveitando o fim da barreira geográfica do modelo de trabalho remoto. Nos EUA, Manhattan e São Francisco, duas cidades com muita oferta de trabalho remoto, já relatam uma perda populacional de quase 10%.
E como isso muda a economia e demografia das cidades?
Para muitas cidades pequenas e médias, esta é uma oportunidade de reverter a fuga de cérebros, combater o envelhecimento da população e injetar dinheiro na economia local.
A qualidade de vida agradece, e o supermercado, a padaria, a academia, a escola, os profissionais autônomos da saúde e toda a economia local também se beneficiam.
Tem sido unanime a ideia que, ao manter as pessoas fora das grandes cidades, além de movimentar a economia local e assim diminuir a intensidade de uma série de problemas urbanos, também é possível melhorar a qualidade de vida das pessoas.