O New York Times fez uma pesquisa e levantou alguns pontos de questionamento feito pelos colaboradores sobre a antiga rotina de escritório e como ela talvez não seja mais adequada para os tempos atuais. Traduzimos livremente e compartilhamos por aqui as principais partes desse artigo, que pode ser lido na íntegra aqui.
Um ponto importante de destaque no texto é o fato de que o escritório nunca foi realmente para todos. Ele era feito para um tipo específico de funcionário, e esperava se que todos os outros se adequassem a ele. As piadinhas de escritório, por exemplo, podem sempre ter sido um pequeno incomodo para um segmento de trabalhadores. Mas para muitos outros, amplificou a sensação de que eles não pertenciam aquele espaço.
Os últimos dois anos deram início a um experimento não planejado com uma maneira diferente de trabalhar: cerca de 50 milhões de americanos deixaram sua rotina de escritório. Antes da pandemia, em 2019, cerca de 4% das pessoas empregadas nos EUA trabalhavam exclusivamente em casa; em maio de 2020, esse número subiu para 43%, segundo a Gallup. Claro, isso significa que a maioria da força de trabalho continuou trabalhando pessoalmente nos últimos dois anos. Mas entre os trabalhadores de setores administrativos (especialmente de níveis mais altos), a mudança é gritante: antes do Covid, apenas 6% trabalhavam exclusivamente em casa, que em maio de 2020 subiu para 65%.
Agora alguns executivos estão abrindo as portas de seus escritórios, impulsionados pelo afrouxamento das restrições da Covid e pela diminuição dos casos. Goldman Sachs, JPMorgan Chase, American Express, Meta, Microsoft, Ford Motor e Citigroup são apenas algumas das empresas que começam a trazer alguns trabalhadores de volta.
Quando mais de 700 pessoas responderam às perguntas recentes do The Times sobre o retorno aos seus escritórios, bem como em entrevistas com mais de duas dúzias delas, houve inúmeras razões pelas quais as pessoas listaram para preferir trabalhar em casa, além das preocupações com a segurança do Covid. Eles mencionaram sol, roupas confortáveis, tempo de qualidade com crianças, tempo de qualidade com gatos, mais horas para ler e correr, espaço para esconder a angústia de um momento ruim. Mas o argumento mais forte foi sobre a cultura do local de trabalho.
Pausa para refletir, pois não é justamente a cultura da empresa que faz com que muitas delas exijam a volta presencial da equipe? Pois é. Mas não é bem o que parece ser, pelo menos não para os funcionários.
“Não há muito sentido em voltar ao escritório se estamos apenas voltando ao clube dos velhos”, disse Keren Gifford, uma colaboradora da área de TI que ainda não foi obrigada a retornar ao escritório.
Muitos, como Keren, perceberam que sentiam como se tivessem passado suas carreiras em espaços construídos para outra pessoa. Pegue algo tão simples quanto a temperatura. A maioria dos termostatos de construção segue um modelo desenvolvido na década de 1960 que leva em conta, entre outros fatores, a taxa metabólica de repouso de um homem de 40 anos pesando 70 quilos, de acordo com um estudo publicado na Nature Climate Change. Isso fez com que as mulheres passassem seus anos pré-pandemia enchendo suas mesas e cadeiras com casacos e mantas, para que pudessem se aquecer num espaço que não foi projetado para elas.
Mas esse é apenas o menor exemplo de como o escritório foi projetado fisicamente para atender às necessidades de um tipo muito específico de trabalhador.
E algumas das empresas que agora estão tentando chamar seus funcionários de volta estão enfrentando uma onda de resistência de trabalhadores encorajados a questionar como as coisas sempre foram.
Muitas empresas de fato tornaram essa decisão de ir ou não ir para o escritório uma escolha do funcionário. Mas os pesquisadores temem que, em muitas empresas, os planos de retorno a rotina de escritório tenham alguns elementos de “escolha sua própria aventura” que penalizam aqueles que precisam de flexibilidade. As pessoas podem ter que solicitar permissão de seus gerentes para trabalhar em casa, por exemplo. Ou os gerentes podem reviver velhas noções sobre o desempenho dos funcionários e desenvolver um preconceito contra aqueles que não podem passar tanto tempo no escritório.
Em resumo, o que muito funcionários observaram com o home office é que finalmente podem apenas se concentrar apenas no trabalho, algo que era muito improvável no escritório. Justamente por todas as questões sociais e pessoais, que podiam ser muito excludentes em alguns ambientes. Funcionários mais tímidos ou reservados muitas vezes foram penalizados pela sua habilidade social, sem levar em conta o resultado do trabalho.
Se você também concorda que as rotinas de escritório precisam ser revistas e que um modelo de trabalho atual passa flexibilidade, mas ainda não conseguiu implementar isso de forma adequada na sua empresa, conte com a equipe da homeoffice.com.br para tornar isso uma realidade!